Doí-lhe a cabeça frequentemente? Ouve um estalido ou um barulho de areia ao abrir e fechar a boca? A sua mandíbula bloqueia ou de vez em quando desloca-se? Ouve um zumbido frequentemente? Sente dor de ouvido ou à volta dele? Se disse “sim” para uma destas perguntas possivelmente tem uma disfunção da articulação temporomandibular (DTM).
As disfunções da articulação temporomandibular afetam cerca de 25% da população mundial. Segundo o National Institute of Dental and Craniofacial Research (NIDCR) é a segunda condição clínica músculo-esquelética mais frequente, a seguir à dor lombar. No entanto, apesar de ser uma alteração frequente, muitos desconhecem que existe tratamento conservador para estas disfunções.
A articulação temporomandibular é a articulação principal da sua boca e que liga o maxilar ao crânio. É responsável pelo movimento mandibular no seu todo, permitindo-nos fazer movimentos essenciais como mastigar, falar, sorrir e até bocejar.
Em média, movimentamos a articulação temporomandibular 2000 vezes por dia. O normal é nem nos apercebermos dela no dia-a-dia. Lembramo-nos dela apenas quando dói, estala ou limita a abertura normal da boca.
A articulação temporomandibular é uma das mais complexas do corpo humano. Divide-se em componentes ósseos (côndilo mandibular e fossa temporal), ligamentos, componentes fibrocartilaginosos (disco articular), componentes sinoviais (membrana e líquido sinovial) e componentes musculares (músculos da mastigação).
O tal disco articular encontra-se entre o côndilo mandibular e a fossa temporal. Este disco move-se anteriormente ou posteriormente consoante o movimento da mandíbula, abertura ou fecho. Este disco pode estar “deslocado” ou sofrer alterações na sua posição. Na maioria das vezes ocorre por um episódio traumático, tal como as alterações da arcada dentária ou a extração mais violenta de um sizo. O deslocamento do disco pode causar dor na articulação temporomandibular, dificuldade em abrir a boca, “estalidos” na articulação temporomandibular ou até mesmo bloqueios da ATM.
Os movimentos da ATM são dependentes dos músculos da mastigação e dos músculos cervico-faciais. A maioria dos meus pacientes que apresentam alterações da ATM apresenta também problemas nos músculos cervicais e faciais. A contração em excesso dos músculos da mastigação leva a uma sobrecarga da articulação temporomandibular, causando assim um grande stress intra-articular. Esse stress articular pode ser tão grande que desloca o disco da sua posição normal para uma posição anormal.
Sabemos que o stress, ansiedade, traumatismo da articulação temporomandibular contribuem para uma sobrecarga na articulação temporomandibular que pode conduzir a dor e a inflamação da ATM. Dado que estas situações contribuem para a uma grande tensão muscular, sobretudo nas cadeias musculares cervicais e dos músculos da mastigação, nomeadamente o masséter e o temporal.
Um fenómeno frequente dos efeitos do stress e da ansiedade é o bruxismo. Quem não sentiu já, os dentes a apertarem uns nos outros em momentos de stress? Este apertar dos dentes de forma constante causa tensões prolongadas nos músculos provocando lesões musculares importantes. Estas lesões musculares traduzem-se em dor, em cansaço muscular, cefaleias de tensão, e por vezes podem originar zumbidos em pacientes. O mais frequente é os meus clientes aparecerem na consulta a referir uma dor do tipo moinha constante, na área dos masséteres e temporal, ambos músculos da mastigação, que muitas vezes está na origem de cefaleias.
A causa dos problemas na articulação temporomandibular são frequentemente multifactoriais, tais como: quedas nas quais a mandíbula ou a face foram lesionados, stress emocional, tensão muscular e até mesmo o comportamento postural. Além disso, existem ainda outros fatores que podem contribuir para esta disfunção, é o caso da predisposição genética, hábitos como roer unhas, mascar chicletes ou morder canetas/lápis constantemente e o bruxismo (quando a pessoa range os dentes durante o sono).
A disfunção da articulação temporomandibular (DTM) afeta milhares de pessoas, de todas as faixas etárias, embora seja mais frequente entre os 20 e os 45 anos, tanto no sexo masculino como no sexo feminino, afeta principalmente mulheres na idade adulta.
Esta patologia está frequentemente associada a outras condições clínicas ao nível do crânio e cervical, devido à sua estreita relação com estas estruturas, como as cefaleias de tensão, cefaleias de origem cervical, patologias do sistema auditivo, patologias músculo-esqueléticas ao nível da cervical ou alterações posturais, entre outras.
Além da dor de longa duração, os pacientes podem apresentar sintomas diversificados como fadiga, sensibilidade nos músculos mastigatórios, ruídos/estalidos e limitação de movimento. É também frequente a presença de outras queixas como cefaleias, otalgia ou tonturas.
Os sinais e sintomas mais frequentes da disfunção temporomandibular são:
- Dor no local da articulação
- Ouvir/sentir estalidos ao movimentar o maxilar
- Sentir a boca presa ou bloqueada
- Dificuldade em abrir a boca
- Dor na cabeça (que muitas vezes se alastra ao pescoço e costas)
- Dor de ouvidos
- Sentir “areias” na articulação
- Cansaço nos músculos da mastigação
Apesar de a curto prazo as disfunções da articulação temporomandibular poderem passar despercebidas, a longo prazo podem originar transtornos graves como problemas degenerativos na articulação. Idealmente deve tratá-las o mais precocemente possível.
Habitualmente o tratamento passa por tratamento conservador, Fisioterapia e Osteopatia, podendo ainda passar pela utilização de boqueira durante a noite, mas tudo depende do seu caso.
O tratamento da ATM pode passar por uma articulação estre estes três profissionais: Fisioterapeuta-Osteopata e Médico Dentista. Sendo que podem ser utilizadas diferentes abordagens terapêuticas tais como:
- Fisioterapia e Osteopatia (terapia manual, fortalecimento muscular da musculatura da abertura da boca, estratégias de controlo motor, correção postural)
- Ortóteses – goteiras de descarga, correção ortodôntica e de oclusão
- Cirurgia – última opção terapêutica.
Sendo que levantamento sobre a perceção da efetividade da fisioterapia entre os médicos dentistas e cirurgiões maxilofaciais em Inglaterra, descrito no estudo de Rashid, et al (2013) revelou que 72% dos médicos consideraram a fisioterapia uma abordagem efetiva.
Na Integrativa os nossos especialistas são licenciados em Fisioterapia e formados em Osteopatia pela EOM – Escuela de Osteopatía de Madrid. É o facto de aliarmos estas duas áreas, que nos permite fazer a diferença nos nossos tratamentos.
Tanto a osteopatia como a fisioterapia recorrem a técnicas especificas para a diminuição dos sintomas, para recuperação do movimento e da função da ATM. Se por um lado, a Osteopatia analisa e trata a estrutura porque dela depende a função, por outro a Fisioterapia analisa esta mesma função e trata-a através do movimento.
Já observou o movimento da sua boca e o comportamento da sua ATM? Identifica-se com algum destes sintomas? Se ficou com dúvidas acerca das disfunções da articulação temporomandibular pergunte-nos nos comentários, consulte o nosso site ou envie-nos um email para info@integrativa.pt.
David Brandão | Osteopata – Fisioterapeuta
Quero ensinar-te a cultivar a tua saúde e ajudar-te a mantê-la.
Integrativa | A sua saúde em boas mãos.
Artigos de referência
NIDCR. (2014). Facial Pain. Obtido em 29 de Novembro de 2015, de National Institute of Dental and Craniofacial Research: http://www.nidcr.nih.gov/DataStatistics/FindDataByTopic/FacialPain/ (accessed 29/11/2015)).
Rashid, A., Matthews, N., & Cowgill, H. (2013). Physiotherapy in the management of disorders of the temporomandibular joint—perceived effectiveness and access to services: a national United Kingdom survey. British Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, 52-57.
Packer, A., Pires, P., Dibai-Filho, A., & Rodrigues-Bigaton, D. (2014). Effects of Upper Thoracic Manipulation on Pressure Pain Sensitivity in Women with Temporomandibular Disorder. American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation, 93, 160-168.
McNeely, M., Armijo-Olivo, S., & Magee, D. (2006). A Systematic Review of the Effectiveness of Physical Therapy Interventions for Temporomandibular Disorders. Physical Therapy, 86, 710-725.