Vamos falar do problema que é a Incontinência urinária, mas também da solução: a Fisioterapia uro-ginecológica.
Sabia que 10%-40% das mulheres têm incontinência urinária e por ser visto como um problema tão intimo há muitas mulheres que não o mencionam? A incontinência urinária não afecta só mulheres na menopausa. Pode afectar mulheres grávidas ou que estejam no período pós-parto, atletas femininos ou masculinos de desportos de impacto como o cross fit ou a ginástica e homens com problemas na próstata. (Natalia Price, 2010).
A prevalência deste problema vai agravando com a idade, factor que está relacionado com a diminuição dos níveis de estrogénio no corpo que causam um maior relaxamento no esfíncter uretral.
A gravidez e o parto são factores de risco para incontinência urinária devido ao aumento de peso, alteração hormonal e a possíveis traumatismos no períneo em partos vaginais (exemplo – episiotomia). Um estudo do autor Brummer et al concluiu que grávidas que desenvolvem incontinência urinária de esforço têm 18 vezes mais risco de desenvolver incontinência urnária de esforço durante o primeiro ano de vida do bebé. (Natalia Price, 2010)
Seja em homens ou mulheres e indepentemente da sua causa incontinência urinária é definida por qualquer perda involuntária de urina. Há dois tipos de incontinência urinária, a de esforço e a urgência, quando estão as duas presentes chama-se incontinência urinária mista. É um problema que não deve ser banalizado e que tem tratamento. (Natalia Price, 2010)
A incontinência urinária de esforço caracteriza-se por perda involuntária de urina quando a pessoa ri, tosse ou espirra em que há um aumento da pressão abdominal e o resultado é perda de urina. A incontinência urinária de urgência consiste na vontade inadiável de urinar resultando em perdas de urina por vezes em jacto ou em sob a forma de pingas. (Carvalho, Silva, & Silveira, 2018)
A incontinência urinária pode causar um grande transtorno na vida das pessoas e resulta muitas vezes no isolamento social, abandono das práticas desportivas e actividades quotidianas, que podem levar à depressão. Felizmente existe um ramo da fisioterapia – uro-ginecológica que consiste em exercícios para relaxar; estimular e ou fortalecer os músculos do pavimento pélvico como parte do tratamento conservador, que não apresenta efeitos secundários e tem uma elevada taxa de sucesso no tratamento desta questão. (Natalia Price, 2010) (Carvalho, Silva, & Silveira, 2018)
O pavimento pélvico é um grupo muscular composto por 12 músculos que estão divididos por músculos superficiais ou profundos e a sua principal função é dar suporte aos órgãos pélvicos. A única contração voluntaria é descrita como uma elevação e aperto na zona da uretra, vagina e do ânus. (Gray & Moore, 2012).
A continência nos adultos consiste na capacidade de adiar o ato de urinar por, no mínimo, duas horas, durante o dia e quando está a dormir pode levantar-se durante a noite uma vez, se tiver menos de 65 anos, ou 2 vezes se tiver mais de 65 anos, para urinar. (Gray & Moore, 2012)
A necessidade de acordar durante a noite para urinar tem um nome, chama-se nocturia, pode variar consoante os líquidos que uma pessoa bebe durante a noite ou se sofre de alguma condição, por exemplo diabetes ou a doença cardíaca congestiva, que faz com que haja uma maior produção de urina durante a noite. (Nunes, 2010)
Existe também uma condição chamada bexiga hiperactiva que se caracteriza pela necessidade de urinar de mais do que de 2 em 2 horas, associada ou não a perdas urinárias e que durante a noite se traduz por mais do que um episódio durante a noite, se o individuo tiver menos de 65 anos, ou mais do que 3 episódios nocturnos para idosos, sem que haja uma patologia neurológica ou metabólica associada. É importante referir que nenhuma destas condições está associada a dor a urinar e quando estão presentes sinais inflatórios como inchaço, dor, calor e rubor que a pessoa que sofre destes sintomas seja avaliada por um médico. (Gray & Moore, 2012) (Silva, Lourenço, Cruz, & Monteiro, 2017)
Quer saber como se comporta a sua bexiga? Deixo-lhe uma dica: criar um diário miccional, onde constem os volumes miccionais (através de um copo medidor), o intervalo de tempo entre as micções e também o registo da ingestão de líquidos, diariamente durante uma semana para posteriormente ser apresentado ao profissional de saúde que está a fazer o acompanhamento. Caso tenha alguma dúvida no seu diário envie-me um email para info@integrativa.pt.
Perante todos estes problemas urinários a fisioterapia tem um papel fundamental no treino da musculatura do pavimento pélvico. Após uma minuciosa avaliação do pavimento pélvico os utentes são ensinados a contrair de forma consciente e a repetir os exercícios diariamente, aumentando o grau de dificuldade de sessão para sessão. Quando não existe contracção voluntaria do períneo, o fisioterapeuta recorre à electroestimulação da zona para que o utente ganhe consciência muscular e para que o fortalecimento seja feito com maior eficácia.
Sente que a bexiga manda na sua vida? Saiba mais sobre fisioterapia uro-ginecológica no nosso site. Venha fazer uma avaliação do seu períneo na Integrativa para voltar a ganhar a liberdade que merece na sua vida!
Vera Braga da Costa | Fisioterapeuta especialista em saúde da mulher
Integrativa | A sua saúde em boas mãos.
Artigos de referência
Carvalho, M. R., Silva, F. A., & Silveira, I. A. (2018). Terapias alternativas para recuperação precoce da continência urinária pós-prostatectomia: revisão sistemática. Enfermeria Global.
Gray, M., & Moore, K. N. (2012). Cuidados de Enfermagem em Urologia no Adulto e na Criança. Lusociência.
Natalia Price, R. D. (2010). Pelvic floor exercise for urinary incontinence: A systematic literature review. Maturitas.
Nunes, J. G. (2010). Urologia – Nocturia etiopatogenia e terapeutica (tema 1). Urologia.
Silva, V. P., Lourenço, A., Cruz, F., & Monteiro, L. M. (Feveiro de 2017). Bexiga Hiperativa (BH) ICP Baseado na Evidência (Portugal)