A dor é uma das principais razões para as consultas médicas, sendo muitas vezes o sintoma que leva os pacientes a procurar ajuda. No entanto, em cerca de 90% dos casos, a dor não é o resultado de um trauma evidente ou inflamação óbvia. Nestes casos, é importante considerar a dor referida de origem visceral.
Segundo Bogduk (2009), na sua obra “Definições e Fisiologia da Dor nas Costas, Dor Referida e Dor Radicular”, a dor visceral é erroneamente percebida como originária da pele, não dos órgãos internos. Este equívoco ocorre devido à convergência das fibras nociceptivas dos órgãos para os mesmos neurónios na medula espinal e na pele, originando uma confusão na origem da dor.
Ao contrário das dores inflamatórias, que frequentemente apresentam rubor, calor e inchaço, a dor visceral é caracterizada como hipóxica, sendo resultado da falta de oxigénio nos tecidos. Uma disfunção visceral cria uma diminuição do aporte sanguíneo e consequente de oxigénio aos tecidos com os quais se relaciona. A dor musculoesquelética de origem visceral ocorre dado que um tecido privado de oxigénio é propenso a desenvolver rigidez e anquilosamento, resultando numa qualidade inferior do tecido.
As disfunções viscerais não se limitam à sua localização inicial, podendo causar dores irradiadas em várias regiões do corpo, como coluna, ombros, cotovelos, punhos, mãos, anca, joelhos e pés. Além disso, elas podem desencadear tensões musculares, disfunções vertebrais e perturbações neurovegetativas. Dessa forma, uma víscera disfuncional pode ser a causa de dores nos músculos e na pele, graças à inervação compartilhada.
Identificar essa dor pode ser desafiante, uma vez que os pacientes têm dificuldade em estabelecer um início específico, não a associam a eventos particulares e relatam maior intensidade durante a noite. A expressão clássica, “Quando me levanto da cama, dói muito, mas depois de me mexer, vai passando…”, caracteriza o comportamento deste tipo de dor, em que o movimento ao longo do dia é crucial para permitir a entrada de oxigénio.
Exemplos comuns de dor muscular e articular devido a disfunção visceral incluem problemas hepáticos e de vesícula, manifestando-se como dor no ombro direito e região torácica alta. Disfunções gástricas podem resultar em desconforto entre ombros e trapézios, enquanto disfunções intestinais podem causar dor lombar. Órgãos pélvicos, como útero, ovários, bexiga, reto e próstata, também podem desencadear dores específicas na região lombar e pélvica.
A abordagem tradicional ao tratamento de dores musculoesqueléticas pela Fisioterapia ou Osteopatia meramente estrutural muitas vezes concentra-se apenas na área afetada, negligenciando a possível origem visceral. Embora as sessões de fisioterapia ou osteopatia tradicionais possam proporcionar alívio temporário, pela melhoria temporária do fluxo sanguíneo local, a abordagem eficaz vai além disso. Torna-se imperativo investigar e tratar a origem do problema, abordando a disfunção visceral relacionada com aquele tecido através da Osteopatia Visceral. Ao fazê-lo, não apenas aliviamos os sintomas, mas também promovemos uma recuperação abrangente, restaurando a saúde tanto dos órgãos internos quanto do sistema musculoesquelético.
A Osteopatia Visceral avalia e trata tensões no tecido conjuntivo visceral, as dinâmicas de movimento e a tensão dos órgãos, membranas, fáscia e ligamentos que relacionam as vísceras com o sistema músculo-esquelético. Quando um órgão tem uma alteração, vai gerar tensão fascial anormal, aderências e limitando a sua vascularização e inervação, alterando a fisiologia e o funcionamento do corpo afetando a saúde.
O tratamento em Osteopatia Visceral consiste em técnicas de manipulação suaves com o objetivo de libertar as aderências fasciais das vísceras, melhorar a irrigação sanguínea local dos órgãos afetados e melhorar a inervação nervosa. Ao promover a saúde e o funcionamento normal do organismo, a Osteopatia Visceral contribui para aumentar a comunicação propriocetiva interna do corpo, aliviando sintomas como dor, disfunção e compensações posturais.
No âmbito das consultas de Osteopatia da Integrativa, temos em consideração a dor musculoesquelética de origem visceral. Na Integrativa, a Osteopatia Visceral está integrada nas nossas sessões de Osteopatia Integrativa. Os nossos Osteopatas abordam o paciente e a saúde como um todo, incluindo no seu tratamento a Osteopatia estrutural, craniana e visceral.
David Brandão | Osteopata e Fisioterapeuta
Especializado em Osteopatia Visceral
Integrativa | A saúde e o bem-estar como um estilo de vida
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